TUDO SOBRE O ORÍ
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UMA DAS MAIS IMPORTANTES DIVINDADES NA COMPREENSÃO DAS CRENÇAS YORUBÁS É ORI. ORI É O GUIA DE CADA UM E DE TODOS PARA O SUCESSO NESTE MUNDO E TAMBÉM NO OUTRO (CÉU-ORUN). ORI É O ORIXÁ SUPREMO QUE SOMENTE SE ABAIXA PARA OLODUMARE (OLORÚN). MUITAS PESSOAS, NESTE PAÍS, ENVOLVIDAS NESTA RELIGIÃO, NÃO TÊM CONHECIMENTO DE ORI. E UMA PESSOA SEM CABEÇA É UMA PESSOA SEM DIREÇÃO. DEVEMOS NOTAR QUE A CABEÇA É EM GERAL A PRIMEIRA A ENTRAR NESTE MUNDO, E É O RECIPIENTE OU RESIDÊNCIA DE TODAS AS ESCOLHAS (OPÇÕES).
QUEM É ESTE ORI?
ORI-ISESÉ (CABEÇA - O DESIGNANTE), TAMBÉM ORI-OORO (CABEÇA AO AMANHECER), ORI AKOKO (A PRIMEIRA CABEÇA) OU SIMPLESMENTE ORI (CABEÇA), É ESTE O PRIMEIRO E MAIS IMPORTANTE ORIXÁ NO ORUN. E POR CAUSA DE SEU LUGAR PRIMORDIAL, ORI-ISHESHÉ TEM JURISDIÇÃO SOBRE ORÍ-INÚ, QUE É A CABEÇA PESSOAL OU DIVINDADE POSSUÍDA POR CADA E TODAS AS PESSOAS E ORIXÁS, PORQUE TAMBÉM OS ORIXÁS TEM SEU ORI INDIVIDUAL, OU ORI INÚ.
O PODER E AUTORIDADE QUE ORI POSSUI VEM DA CRENÇA QUE ORI-ISHESHÉ É O CRIADOR DE TODAS AS DIVINDADES, E SOB AS ORDENS DE ORI ELES FORAM MANDADOS AS VÁRIAS LOCALIDADES AONDE SE TORNARAM RESPEITADOS.
NA CRENÇA YORUBÁ, ORI É A RESIDÊNCIA DE CADA ESCOLHA DE REALIZAÇÃO NA FORMA EM QUE LUTAM PARA ALCANÇAR SEU DESTINO. ALGUMAS VEZES É CHAMADA DE ORÍ-INÚ OU CABEÇA INTERNA OU DESTINO. HÁ TAMBÉM UM ORI ODE OU CABEÇA FÍSICA, AONDE ORI INÚ RESIDE. O CONTRAPONTO DE ORÍ-INÚ NO ORÚN SERIA ORI ISHESHÉ.
DEVIDO AS CIRCUNSTANCIAS DE SUA CRIAÇÃO, TODOS OS ORIXÁS TEM DE PRESTAR HOMENAGEM A ORI. TODAS AS CABEÇAS FEITAS NO CULTO OU DEVOTAS TÊM DE TOCAR A TERRA COM A TESTA COMO UM ATO DE RESPEITO AO PRIMEIRO ORI. NO NASCIMENTO (PARTO), A CABEÇA FÍSICA OU ORI ODE VEM PRIMEIRO, ENQUANTO O RESTO DO CORPO A SEGUE, O QUE AUMENTA MAIS SUA RELAÇÃO COM ORI-INU, QUE TAMBÉM É O PRIMEIRO A SER CRIADO E O ÚNICO DETERMINANTE DO DESTINO DO HOMEM NA TERRA. DEVIDO A ISTO, A CABEÇA FÍSICA É TRATADA COM MUITO RESPEITO E PROPICIADA COMO ORI-INÚ, SEU CONTRAPONTO ESPIRITUAL, RESULTANDO NA PRIMEIRA SERVIR COMUMENTE COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO COM A OUTRA.
O ORI DE UMA PESSOA É TÃO IMPORTANTE QUE DEVE SER PROPICIADO FREQUENTEMENTE E SUA AJUDA É NECESSÁRIA ANTES DE INICIAR QUALQUER ATO, E ISTO É FEITO ATRAVÉS DO EBORÍ (BORI).
OFUN-RETE
WEREWERI NO CÉU...
OWEWÉ, AQUELE QUE LIMPA A POBREZA COM PERFEIÇÃO. FOI VISTO NO JOGO PARA SOMENTE UM ORI E TAMBÉM PARA QUATROCENTOS E UMA DIVINDADES CELESTIAIS QUEM IRIA A OLORÚN O CRIADOR-CHEFE PARA TENTAR ABRIR O OBI DO AXÉ. OGBON, SABEDORIA, OS DIRIGIU PARA FAZEREM O SACRIFÍCIO... QUATROCENTOS E UMA DIVINDADES DESOBEDECERAM SUA ORDEM. SOMENTE ORI OBEDECEU, E SEU SACRIFÍCIO FOI ACEITO. QUAL ERA A ORDEM DADA POR OGBON? ELES TINHAM DE ACORDAR AO AMANHECER E LOUVAR O SUPREMO CRIADOR. TODOS OS ORIXÁS PERDERAM A HORA. SOMENTE ORI ACORDOU, E SE ATIROU AO CHÃO EM HOMENAGEM A OLORÚN. DEPOIS DISTO TODOS OS ORIXÁS FORAM A DEUS, O CRIADOR-CHEFE, E PEDIRAM A OGBON PARA APRESENTAR O OBI DE AUTORIDADE. TODOS TENTARAM, MAS NÃO CONSEGUIRAM ABRI-LO. SOMENTE ORI CONSEGUIU PORQUE TINHA FEITO O SACRIFÍCIO (EBÓ), E DIVIDINDO O OBI, ELE OBTEVE AS RESPOSTAS (JOGOU, ADIVINHOU). A RESPOSTA FOI FAVORÁVEL E UMA ALTA LOUVAÇÃO OCORREU. HOUVE GRANDE EXCITAÇÃO E JÚBILO NOS CÉUS. O LUGAR MAIS ALTO E CENTRAL, APERE, DAÍ PASSOU A POR DIREITO PERTENCER A ORI. QUANDO ORI SE SENTOU, OS OUTROS ORIXÁS, CHEIOS DE INVEJA, CONSPIRARAM PARA DESTRONA-LO.
ORISHANLÁ FOI O PRIMEIRO A DESAFIAR SUA AUTORIDADE. ORI O PÔS NO CHÃO E EM AJALAMO, AONDE OS DESTINOS SÃO MOLDADOS. EM AJALAMO, ORISHANLÁ SE TORNOU O ESPECIALISTA ESCULTOR DOS DESTINOS.
ORI CRIOU IFÁ, E IFÁ SE TORNOU UM ESPECIALISTA EM IKIN. ORI CRIOU AMAKISI NO LESTE, AONDE A LUZ MATINAL SURGE NA TERRA. ORI CONQUISTOU TODOS OS ORIXÁS E OS CRIOU AONDE ELES SÃO HOJE REVERENCIADOS.
AO ACORDAR, EU HOMENAGEIO OLORÚN. DEIXE TODAS AS COISAS BOAS VIREM A MIM. MEU ORI ME DEU VIDA. DE-ME O PODER DE ULTRAPASSAR A MORTALIDADE E EU NÃO MORREREI. DEIXE TODAS AS COISAS BOAS PERTENCEREM A MIM, COMO A LUZ PERTENCE A AMAKISI.
ORI É IMPORTANTE PORQUE É O QUE ESCOLHEMOS NO ORUN PARA NOS ACOMPANHAR NESTE MUNDO PARA ATINGIRMOS NOSSO DESTINO. ORI É O QUE NOS DÁ A OPORTUNIDADE DE FAZER ESCOLHAS. MESMO ANTES DO ORIXÁ, HÁ O ORI QUE NOS DIRECIONA E NADA PODE SE MANIFESTAR SE NÃO FIZERMOS UMA ESCOLHA. Ë ORI QUE NOS LEVA DE VOLTA AO ORIXÁ. SE OLHARMOS O TERMO ORI (SA) É A COROAÇÃO DA CABEÇA QUE A ISTO SE REFERE. É A COROAÇÃO DO ORI DAS DIVINDADES QUE OS TORNAM ORISA. TODOS ELES ESCOLHEM SEU DESTINO. E ESTA ESCOLHA É SEU ORI. NÃO HÁ NADA QUE POSSA ACONTECER SEM FAZERMOS UMA ESCOLHA OU SAUDARMOS ORI. POR ISTO É QUE ORI VEM PRIMEIRO, PORQUE NOS LEVA A OLODUMARE (OLORÚN). ORI É A "LIGAÇÃO DIRETA” COM OLODUMARE. LIGAÇÃO COM A FORÇA CHAMADA ELEDA, ENERGIA INCONDICIONAL, O PENSAMENTO DE OLORÚN QUE TODOS TEMOS DENTRO DE NÓS. É POR ISTO QUE É DITO QUANDO SAUDAMOS NOSSAS CABEÇAS QUE ESTAMOS SAUDANDO ELEDÁ, PORQUE ISTO É FEITO ATRAVÉS DE NOSSO ORI.
IWA LÉWA
AGORA A IMPORTÂNCIA DE ORI VEM DE IWA (LÉWA) QUE SIGNIFICA "CARÁTER É BELEZA". É ATRAVÉS DESTAS ESCOLHAS QUE FAZEMOS QUE SOMOS CAPAZES DE SER VISTOS COMO ALGO BELO, E ESTAS ESCOLHAS SÃO ACOMPANHADAS DO DESTINO. É ATRAVÉS DESTAS ESCOLHAS QUE NOSSO CARÁTER É MOLDADO. É INTERESSANTE QUE IWA-CARÁTER E IWA-DESTINO SÃO BASICAMENTE A MESMA PALAVRA.
NÓS NÃO CONSEGUIREMOS ALCANÇAR NOSSO DESTINO A NÃO SER QUE DESENVOLVAMOS BOM CARÁTER.
E SE DURANTE A NOSSA VIDA NO MERCADO DO MUNDO NÓS DESENVOLVERMOS UM BOM CARÁTER MORAL, NÓS CONSEGUIREMOS A COROA DO ORIXÁ.
HÁ UMA OUTRA ENTIDADE QUE EXISTE COM ORI. QUANDO ORI ANDA CONOSCO PELO MUNDO, HÁ ENIKEJI, NOSSO GÊMEO ESPIRITUAL, QUE SE MANTÉM EM ESPÍRITO PARA NOS LEMBRAR DO NOSSO DESTINO ESCOLHIDO EM ILE ORUN. QUANDO FORMOS PARA CASA, POIS O MUNDO É O MERCADO, ORUN É NOSSA CASA, HAVERÁ UMA RECONEXÃO COM ENIKEJI PARA VER SE ALCANÇAMOS NOSSO DESTINO. TODOS OS ORI VEM DE ELEDÁ, OLORÚN. TUDO VEM DAQUELE QUE DÁ VIDA – OLORÚN - E SE MANIFESTA COMO VIDA - OLODUMARE. CADA PESSOA, PEDRA, ÁRVORE, PUNHADO DE TERRA É COMPOSTO DE ODU E TEM UM ESPÍRITO DE ELEDÁ EM SI, ORI OU ORO, O QUE HABITA DENTRO. TUDO VEM DA MESMA FONTE, NÃO DIFERENTES, EU POSSO VOLTAR COMO UM PÁSSARO, MAS AINDA COM ORI, O QUE ME DÁ A ESCOLHA NECESSÁRIA DE ALCANÇAR MEU DESTINO ESCOLHIDO. MAS AINDA ASSIM ORI VEM DE ELEDÁ. O CORPO DO PÁSSARO É SOMENTE A RESIDÊNCIA DO ESPÍRITO DO PÁSSARO, E O ESPÍRITO VEM DE OLODUMARE.
IGBÁ IWA, QUE É NOSSO CORPO QUE CONTEM O NOSSO CARÁTER, É SOMENTE A RESIDÊNCIA DO ESPÍRITO, INDEPENDENTE DE SUA FORMA FÍSICA.
NÓS TEMOS A TENDÊNCIA DE NOS SEPARARMOS DESTE ESPÍRITO, E É O QUE NOS IMPEDE DE ALCANÇARMOS IWA PELE.
KOTOPO-KELEBE ERA O APELIDO DE ORI ANTES DELE SE TORNAR A CABEÇA DE TODOS OS ORIXÁS. ESPECIFICAMENTE, O APERE DE ORI INDICA SUA VITÓRIA SOBRE AS OUTRAS DIVINDADES, E A ASCENSÃO DE ORI AO ALTO DA PONTA DO CONE DA EXISTÊNCIA, ISTO É A RAZÃO DE EXISTIR. PARA SABER COMO ORI LIDOU COM TODAS AS AMEAÇAS DE OPOSIÇÃO DE SEUS RIVAIS E DITOU SEUS DESTINOS, É PERTINENTE PARA MOSTRAR O DUPLO SENTIDO MOSTRADO NO VERBO "DA" (VENCER OU CONQUISTAR OU CRIAR) USADO NO ODU EM ORI. NÓS TEMOS A NOÇÃO DE QUE EM PARA SER OU CRIAR ALGO, TEMOS DE SOBREPOR ALGUMA OPOSIÇÃO OU VENCER ALGUÉM. SEM LUTA, NÃO HÁ SUCESSO NA VIDA.
PORTANTO, NÓS VEMOS EM ODU IFÁ QUE ORI VENCEU (DA) ORISANLÁ NUM DUELO QUE LEVOU ORI A POSIÇÃO DE SUPREMA AUTORIDADE SOBRE SEUS PARES. O MAIS ALTO LUGAR, A POSIÇÃO DE AUTORIDADE CHAMADA APERE SE TORNOU O TRONO DE ORI. ORI FOI MAIS ADIANTE PARA PROVAR SUA SUPERIORIDADE SOBRE ORISANLÁ DANDO A ELE UM LUGAR PERMANENTE CHAMADO OKE-ALAMOLEKE EM ODE IRANJÉ, E UMA FUNÇÃO ESPECÍFICA EM AJALAMO, AMBOS SOBRE O CONTROLE DE ORI. AJALAMO É UM LUGAR MUITO INTERESSANTE EM IFÉ, É UM LUGAR EM QUE UM VAI EM ESPÍRITO PARA ESCOLHER SEU ORI. E A PESSOA DESIGNADA A ESTE LUGAR É CHAMADA DE AJALAMOPIN, O MOLDADOR DE ORI OU CABEÇAS, E ORISANLÁ CUIDA DE MOLDAR OS CORPOS.
HÁ OUTRO EM AJALAMO QUE NÃO É MENCIONADO, CONHECIDO PELO NOME DE KORI, O MOLDADOR DOS ESPÍRITOS DE CRIANÇAS. ORI É AQUELE COM AXÉ QUE NOS FAZ TÊ-LO. É TÃO PODEROSO QUE ATÉ IFÁ TEM DE SE SUBMETER A SUA VONTADE. ORI VENCEU TODOS OS ORIXÁS E FOI O ÚNICO CAPAZ DE ABRIR O OBI DO AXÉ. VONTADE DITA COMO AS COISAS ACONTECEM EM NOSSA VIDA, SE DEIXARMOS ORI PARA TRÁS, NÓS PERDEMOS O DIREITO DE RECLAMAR SOBRE NOSSA SITUAÇÃO. NINGUÉM PODE APRISIONAR NOSSA MENTE, MAS SÓ NÓS PODEMOS. ESCRAVIDÃO É UMA ARMADILHA MENTAL E QUANDO NÓS DEIXAMOS DE LADO NOSSO DIREITO A LIBERDADE, NÓS NOS MANTEMOS ESCRAVOS.
PARA OBTER O PODER DA VONTADE DE MUDAR, PRIMEIRO TEMOS DE TER VONTADE. A MAIORIA DAS PESSOAS ACEITA AS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS, E NÃO QUEREM MUDAR. NÓS TEMOS DE TER VONTADE DE SAIRMOS UM COM OLODUMARE. ORI NOS LEVA DIRETAMENTE A IWA, QUE CONTEM A PALAVRA CARÁTER. PARA O YORUBÁS IWA NÃO QUER DIZER CUMPRIR AS DIRETIVAS DE OLODUMARE, QUE TAMBÉM É CHAMADO DE OBÁ MIMÓ, OBA PIPÉ, SIGNIFICANDO “O REI PURO OU O REI PERFEITO”, OU ALALÁ FUNFUN OKÉ, “AQUELE DE BRANCO QUE HABITA NO ALTO".
É ESTA FORÇA QUE DISPERSA QUE É CHAMADO IFÁ IYÀ, OU O ORÁCULO DO CORAÇÃO. OS ORÁCULOS DO CORAÇÃO SÃO AS DIRETIVAS OU ORDENS DE OLODUMARE, AQUILO QUE É O CERTO OU ERRADO, QUE LEVA A CUMPRIR OU NÃO, O DESTINO. TODOS NÓS SABEMOS O QUE É O CERTO PORQUE ISTO TAMBÉM FOI DADO COM O SOPRO DE OLODUMARE QUE PÔS EM NÓS. É O ORÁCULO DO CORAÇÃO QUE NOS GUIA E DETERMINA NOSSA VIDA ÉTICA. O ORÁCULO DO CORAÇÃO É A CONSCIÊNCIA DA PESSOA. AS LEIS DE OLODUMARE ESTÃO ESCRITAS NO CORAÇÃO.
JE ÈWO SIGNIFICA “COMER O QUE É TABU” OU “FAZER O QUE É PROIBIDO” E GBIGBA ÈWO SIGNIFICA “RECEBER O TABU” OU “FAZER O CERTO” (CUMPRIR O PRECEITO). ESTA É UMA DAS MANEIRAS QUE UM É RECONHECIDO, NO DESENVOLVIMENTO DE IWA. MAS ANTES MESMO DE VIRMOS PARA ESTE MUNDO, NÓS APRENDEMOS E RECEBEMOS DIRETIVAS ENQUANTO ESPÍRITOS E ISTO É O QUE NÓS CHAMAMOS DE INSTINTOS, OU DEJA VU, A MEMÓRIA DE ORI.
AS LEIS DOS HOMENS SÃO FEITAS PARA CONTROLAR E TIRAR AS ESCOLHAS. OLODUMARE DIZ QUE CADA UM DE NÓS TEM ESCOLHA E QUE HÁ UMA PUNIÇÃO DIVINA. NÓS TEMOS A OPORTUNIDADE DE ESCOLHER A DIREÇÃO EM QUE QUEREMOS IR, MAS TEMOS DE REALIZAR QUE TODAS AS DIVIDAS DEVERÃO SER PAGAS. É MUITO IMPORTANTE QUE NÓS MESMOS ESCOLHEMOS NOSSA PRÓPRIA DIREÇÃO PARA DESENVOLVER IWA, POR QUE ISTO DETERMINARA O SUCESSO OU INSUCESSO DE ALCANÇARMOS NOSSO DESTINO. A COROAÇÃO FINAL DO NOSSO ORI.
DE ACORDO COM UM DOS VERSOS DE OGUNDA MEJI, ORUNMILÁ REUNIU TODOS OS ORIXÁS E PERGUNTOU QUAL DELES ACOMPANHARIA SEUS DEVOTOS NUMA VIAGEM DISTANTE ATRAVÉS DO OCEANO SEM DESERTA-LOS EM NENHUM LUGAR. XANGÔ, O DEUS DO TROVÃO E O MAIS CORAJOSO, RESPONDEU QUE ELE IRIA COM SEUS DEVOTOS PARA QUALQUER LUGAR SEM OLHAR PARA TRÁS. ORUNMILÁ CONVENCEU XANGÔ QUE ESTA NÃO ERA A RESPOSTA CORRETA, E UM POR UM ELE CONVENCEU CADA UM DOS ORIXÁS QUE ESTA NÃO ERA A RESPOSTA A SUA PERGUNTA. ELES IMPLORARAM A ORUNMILÁ PARA REVELAR A RESPOSTA CORRETA, A QUAL ORUNMILÁ RESPONDEU QUE SOMENTE ORI, A DIVINDADE PESSOAL DE CADA UM, PODE NOS ACOMPANHAR ATÉ O LUGAR MAIS LONGÍNQUO DO MUNDO SEM VOLTAR ATRÁS. DAI ELE RECITOU:
" SOMENTE ORI PODE ACOMPANHAR O SEU DEVOTO A QUALQUER LUGAR SEM RETORNAR, SE EU TENHO DINHEIRO, É O MEU ORI QUE EU AGRADEÇO. MEU ORI, É VOCÊ. SE EU TENHO FILHOS, É O MEU ORI QUE EU VOU CULTUAR. MEU ORI, É VOCÊ. POR TODAS AS COISAS BOAS QUE EU TENHO NA TERRA, É O MEU ORI QUE EU CULTUO. MEU ORI, É VOCÊ.
Concepção de Orí
BÀBÀLÒRÍSÁ ALTAIR T’ÒGÚN
- Cabeça no sentido literal da palavra. Mas, Orí no conceito yorùbá tem outras conotações além da simples cabeça física. Pois, para os Yorùbá existe o ORÍ-INÚ – a cabeça interior. Este Orí-inú é aquele que foi moldado por Àjàlá (o Oleiro fazedor de cabeças, descrito na lenda do Orí e a escolha do destino do homem). Na lenda do Orí e a escolha do destino, conta que Àjàlá fabrica muitas cabeças no ÒRUN e que cada ser humano que vive no ÒRUN - Céu e está para viajar para o Ayé - Terra, vai à casa de Àjàlá para escolher o seu Orí. E a vida do homem na terra vai depender crucialmente da escolha do Orí que ele fez. Pois, acredita--se que essa escolha já predestina o homem ao sucesso ou ao fracasso em sua vida no Ayé. Diz que Àjàlá é dado a tomar umas bebidas e ao ficar meio alto, ao fazer as cabeças Ele erra na composição da argamassa deixando-a fora do padrão necessário para ser moldada, muito arenosa ou excesso de liga. Também cozendo-as, às vezes muito, o que as torna muito rígidas e ressecadas ficando muito duras, queimadas e quebradiças. Ou cozendo-as pouco, deixando-as quebradiças e esfarelentas. Às vezes, as moldando tortas que quando cozidas ficam rotas. Ao escolher sua cabeça e seguir em direção ao àiyé, o ser humano atravessa vários ambientes como de calor excessivo de desertos: muito frio como das zonas gélidas da terra: zonas onde tem de atravessar tempestades com ventos e chuvas fortes. E se as cabeças não tiverem sido bem confeccionadas elas irão se danificar e ficarão em péssimo estado ao chegarem ao àiyé. Dependendo do estado em que cheguem, se a cabeça estiver boa aquela pessoa trabalhará, e tudo o que fizer será para si mesmo, podendo prosperar na vida, alcançando o sucesso e a fortuna. Se a cabeça estiver danificada, aquela pessoa trabalhará e tudo o que conseguir será para gastar com os reparos mo seu Orí. Quando ele não foi muito danificado, os primeiro anos de vida dessa pessoa serão um pouco sacrificados, ela poderá passar por privações e dificuldades em virtude de não conseguir prosperar na vida, pois, tudo o que arrecadar irá para o conserto do seu Orí. Depois que ele terminar os reparos necessários, o que ele fizer será para si próprio, é então quando ele começa a prosperar em sua vida no àiyé. Outras pessoas têm Orí tão danificados, que por mais que trabalhem na vida, jamais conseguirão consertar os danos do seu Orí. E tudo o que fizerem na vida será para gastar com seu Orí ruim. São aquelas pessoas que passam a vida toda vegetando, nunca conseguem fazer nem concluir as coisas, vivendo sempre na penúria e no aperto nunca possuindo nada de seu e não conseguindo serem felizes por mais que se esforcem, pois, tem um Orí ruim. Mas, acredita-se que esses consertos podem ser feitos através de oferendas – Eborí – ebo Orí, que ajudarão a restaurar aquele Orí mais depressa, o que pode mudar um pouco essa predestinação. Não é porque a pessoa tem um bom Orí que ela poderá ficar sentada esperando tudo de bom na vida. Ela está predestinada ao sucesso em sua vida, mas, desde que trabalhe para isso. Seus caminhos estarão sempre abertos para alcançar seus objetivos, esforçando-se para isso. Assim como, não é por ter escolhido um mau Orí que a pessoa tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela poderá, através dos ebo reverter esse quadro, se não por completo, mas, em boa parte, pois ela estará resgatando parte da integridade do seu Orí. Mas, também, não será somente através dos ebo que isso será alcançado. Elas também haverão que se esforçar com muito mais força de vontade ainda para superarem suas barreiras. Podem não alcançar o sucesso total, mas, poderão ter uma vida mais amena com algumas realizações e alegrias. A iniciação na Religião Yorùbá significa o nascimento do Orí-inú dentro do culto aos Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a partir da iniciação aquela pessoa nasceu para a religião e para o sagrado com a confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter representação física no àiyé. Aí, é que começa a história do Igbá Orí (literalmente, cabaça da cabeça, pois os assentamentos eram feitos em cabaças – igbá, daí o nome ter virado sinônimo de assentamento de Òrìsà) a Cabaça do Orí. Costuma-se fazer assentamentos com as mais variadas coisas para representar o Orí de uma pessoa. Esta variedade de coisas deve-se a que o Orí seja o que individualiza o ser humano. Como no caso das impressões digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela pessoa. Então, faz-se o assentamento numa cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e esse assentamento é cultuado como Igbá - Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú da pessoa. Tudo bem, este comportamento é usual e corrente. Mas, sem querer ser o único certo, longe de mim isso, Eu não concordo com esse tipo de Igbá Orí. Porque Eu penso que a melhor representação do nosso Orí-inú é o nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria cabeça. A nossa cabeça física é a materialização da nossa cabeça interior, acho Eu. Qual o melhor objeto para representar o nosso Orí-inú, que não a nossa própria cabeça? É dentro dela que se instala a outra do òrun, por isso, chamado Orí-inú (cabeça interior), mas interior onde? Da cabeça física que também acho, tem o formato do igbá (cabaça). Quando fazemos um eborí nós estamos cultuando esta cabeça interior. E onde nós fazemos os preceitos? Diretamente em nossa cabeça, pois é ali que mora o nosso Orí-inú e o nosso òrisà. Então, é à nossa cabeça que devemos reverenciar, não aquela tigela com alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí. Digo isso por que acredito assim. E algumas vezes, quando sou questionado por algumas pessoas que por “n” motivos, perguntam o quê fazer com seu “Igbá-Orí”. Outros, preocupadíssimos porque seus zeladores não querem entregar ou que pior ainda, despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso com elas dizendo isso que acredito. Grande parte delas se acalma e acaba concordando comigo. Não que Eu seja o dono da verdade, mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não houver, é um bom assunto para ser pensado por todos.
Àse para todos!
Altair t’Ògún
Igbá Ori, segundo a Tradição de Orisa, não leva Okuta. igbá ori não deveria existir, pois não há lugar melhor para cultuar Ori Inu que sobre Ori Ode, porém ficou convencionado o uso dele.
Quanto ao Igba-Ori, quer dizer a bandeja onde guardamos o doublé, a representação material do Ori, este contém alguns itens de conhecimento restritos àqueles que tem o seu ori "assentado". Posso, porém assegurar que dentre estes itens jamais encontrarás um Okuta (Ota).
IGBÁ ORÍ
TODOS OS IGBÁ SÃO REPRESENTAÇÕES, NO ÀIYÉ, DAQUILO QUE NELE (NO ÀIYÉ) NÃO EXISTEM, OU SEJA, SÓ EXISTEM NO ÒRUN. GRAÇAS A DEUS, SEU ORÍ EXISTE NO ÀIYÉ, CERTO, OU VC TEM DÚVIDAS DISSO?
PORTANTO A VISÃO KÈTU NÃO FAZ IGBÁ ORÍ JÁ QUE SUA CABEÇA ESTÁ BEM NO LUGAR, ENCIMA DO PESCOÇO E, PORTANTO, REPRESENTADA NO MUNDO. DESTA FORMA, OS RITUAIS PARA SEU ORÍ SÃO FEITOS DIRETAMENTE NA SUA CABEÇA, E NÃO EM ALGO QUE A REPRESENTE NO ÀIYÉ.
IGBÁ LIMPO
IGBÁ CHEIO DE “AXÉS (MEL, DENDÊ, ETC.)” COMO É ENSINADO, SÓ PRESTA PRA JUNTAR SUJEIRAS. COISA QUE NÃO QUEREMOS NA REPRESENTAÇÃO DOS NOSSOS OLORÍ, PRINCIPALMENTE PORQUE, NA TRADIÇÃO YORÙBÁ, SUJEIRA É ÀJÉ (COISA RUIM).
Na apostila II está a forma de preceder para dar ose (aqui chamado de ôssé).
NÃO ESQUEÇA QUE, TUDO O QUE ESTRAGA, E APODRECE, PASSA A SER PROPRIEDADE DE ÌYÀMÍ ÒSÒRÒNGÁ! ASSIM, MEU AMIGO, MANTENHA SEUS IGBÁ TODOS “SECOS E LIMPOS”, NÃO VÁ NA CONVERSA DE QUE ELES ESTANDO SECOS, SUA VIDA VAI “SECAR”.
ISTO, PRA MIM, É SIMPLESMENTE IGNORÂNCIA! ÒRÌSÀ TEM OS LUGARES CERTOS E APROPRIADOS PARA RECEBER SUAS OFERENDAS, OU VC VIVE PONDO COMIDAS DENTRO DO IGBÁ?
ÀSE, PRIMEIRO ESTÁ NO SEU CORAÇÃO, NA SUA BOA VONTADE PARA COM AS DIVINDADES, NA SUA CONDUTA DIGNA E MORAL PARA COM A SUA FAMÍLIA, NAS REALIZAÇÕES CORRETAS DOS RITUAIS COMO ELES DEVEM SER, E NÃO NO IGBÁ ENSOPADO DE DENDÊ E MEL. ENCHA SEU IGBÁ DE DENDÊ E MEL (AXÉS), E DEPOIS VÁ CHEIRAR COCAÍNA, PRA VER O QUE O ÒRÌSÀ VAI ARRUMAR NA SUA VIDA!
EBORI
OBI ABATA, ATAREE, EGBÔ, 10 ACAÇÁS BRANCOS, BANHA DE ORI, PÓ DE EFUN, GYN, MEL.
Começar saudando o Orí do iniciado, rezando o ofó para propiciar ori.
Ofò (encantamento) fún bibó Orí (para propiciar a cabeça).
OFÒ FÚN BIBÓ ORÍ
ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN,
Òrúnmìlà que fortifica os tristes,
MO NÍ ODI ÈDÙN.
Fortifique-me, eu estou triste.
ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN OKÀN,
Òrúnmìlà que fortifica o coração triste,
MO NÍ ODI ÈDÙN OKÀN.
Fortifique o meu coração triste.
ONÍ TÍ EGBÉ ENI NBÁ LÓWÓ, T’A ÀBÁ LÒWÒ, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ.
Senhor da comunidade, Aquele que é honrado e respeitado, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua ajuda.
ONÍ TÍ EGBÉ ENI BÁ À NSE,
Senhor da comunidade esteja conosco (me acompanhe),
OHUN RERE TÁÀBÁ RÍ OHUN RERE SE, Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ.
Que as coisas boas nos encontrem, e que obtenhamos coisas boas, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua a ajuda.
ORÍ MÌ , WÁ SE LÉ GBÈ LÉHÌN MI.
Minha cabeça venha cobrir a casa e minha retaguarda.
IGBÁ, IGBÁ, NÍ ORÒGBÒ NSO LÓKO;
Duzentos, duzentos, que orògbò cresça na floresta;
IGBÁ, NÍ OBÌ NSO LÓKO.
Duzentos, que obì cresça na floresta.
IGBÁ, IGBÁ NÍ ATAARE NSO LÓKO.
Duzentos, duzentos, que atare cresça na fazenda.
IGBA , AJÉ KÓ WOLÉ TÓ MI WÁ .
Duzentos, que o poder do dinheiro adentre minha casa.
OÒGÙN, ÀÌSÀN, EJÓ, WÀHÁLÀ,
Que as feitiçarias, as doenças, os problemas, as aflições,
IKÚ, ÀÍRÍJE, ÀÌRÍMU KÓ PÒÓRÁ.
A morte, a fome, a sede, desapareçam da minha vida.
TÍ EFUN BÁ WO INÚ OSÙN, ÁPÒÓRÁ.
Quando efun entra no osùn, ele desaparece.
KÍ GBOGBO WÀHÁLÀ MI PÒÓRÁ .
Que todas as minhas aflições desapareçam.
ÀWÍSE NÍ TI IFÁ, ÀFÒSE NÍ TI ÒRÚNMÌLÀ.
Que a palavra de Ifá se realize, e a de Òrúnmìlà também.(como um canto)
ÀBÁ TÍ ALÁGEMO BÁDÁ NI ÒRÌSÀ ÒKÈ NGBÀ.
E ao encontrarem Alágemo realizem-se através dos Òrìsà, que aceitam do alto.
KON KON NÍ EWÉ INÓN NJÓ ,
A folha no fogo queima rapidamente, (que meus pedidos realizem-se assim).
WÀRÀ, WÀRÀ, NI OMODÉ NBO OKO ÈSÌSÌ.
Leite, leite, escorra para as crianças em quantidade, como é na Fazenda Èsìsì.
ILÉ ÒGBÁ ÒNÒN Ò GBÁ NÍ TI ÀRÁGBÁ.
Que minha casa, meus caminhos, meus conhecidos se engrandeçam.
GBOGBO OHUN TÍ MO SO YÌÍ,
Que todos os meus votos façam desabrochar, e transformar-se para mim,
KÍ ARÒ KÓ RÒ MÒ
Afim de que ao nascer do dia eu encontre facilidades.
ÀSE, ÀSE, ÀSE!
Assim seja!
Molhando ORI com água (deixar escorrer no igbá).
AGÒ FUN MI ORÍ, AGÒ FÚN MI ÒRÌSÁ, ÀGÒ FÚN MI ÒRÌNSÀNLÁ BÀBÁ ÒKÈ.
(Dê-me licença cabeça, dê-me licença Orixá. Dê-me licença Grande Orixá, Pai acima de todos.)
ORÍ MO KÍÌ E PÈLÉ Ó! ÀGÓ YÈ OLÓRÍ, ÀGÓ YÈ ELÉÈDÁ!
(Cabeça eu vos saúdo delicada e gentilmente! Com licença, Salve o Senhor da cabeça, com licença, Salve o Senhor da criação (Olódùmarè)).
Depois proceder a passar um pouco da banha de ori (manteiga vegetal) da seguinte forma:
Esfregar na frente da cabeça:
AGÒ ÁSÍWÁJÚ ORÍ!
(de-me licença frente da cabeça)
Na nuca:
ÁGÓ LÉÈHÌN ORÍ!
(de-me licença parte de trás da cabeça)
Lado direito:
ÀGÓ ÒTÚN ORÍ!
Lado esquerdo:
ÀGÓ ÒSÌ ORÍ!
Centro da cabeça :
ÁGÓ ÒKÈ ORÍ ÀGÓ ÀÀRIN ORÍ!
O mesmo com pó de efun, dizendo o mesmo.
Passar oiyn (passar um pouco na sola do pé direito), gyn (soprar 3 vezes no ori muito pouco, deixando escorrer no igbá ori)
Depois dizer, com o OBÍ:
ORÍ Ó, MO NPÈ ÈNYIN, WÁ GBÀ OBÌ, WÁ JE OBÌ!
(Ó cabeça, eu vos chamo, venha receber obí, venha comer obí!)
Proceder ao ritual do obi. Abrir o Obí, retirar o meio com os dentes. Rezar obi.
Usa-se um prato branco e um pouco de água. Coloca-se um pouco de água no prato (que simboliza estarmos fertilizando o solo em pedido de prosperidade) e reza-se o OFÓ:
OMÍ TUTU
A água é fresca
OMÍ ÒNÀ TUTU
A água refresca os caminhos
OMÍ ILÉ TUTU
A água refresca a casa
OMÍ TÚTÚ ÈSÚ
A água refresca Èsú
Então se parte com as mãos (nunca com a faca) o ÒBÌ ÀBÀTÁ e segura-se as quatro partes na mão direita e reza-se:
ÒRÚNMÌLÀ ÒBÍ REE O
Òrunmilá o OBÍ será cordial (será bom) para você.
OBÍ REE O
O Obí é cordial (é bom) com você
OBÍ REE O
O Obí é cordial (é bom) com você
Em seguida molha-se, uma a uma, as partes do Obí na água com a mão direita enquanto se reza:
OBÍ KOSI IKÚ
Obí para que não tenhamos morte
OBÍ KOSI ÀRÙN
Obí para que não tenhamos doenças
OBÍ KOSI ÒFÒ
Obí para que não tenhamos perdas
OBI KOSI ÈJÉ
Obí para que não tenhamos derramamento de sangue
OBÍ KOSI FÌTÍBÒ
Obí para que não tenhamos desentendimentos
OBI KOSI ARÁ IKÚ BÀBÀWA
Obí para que a morte não nos veja
Repete-se toda a operação agora molhando o Obí na água, com a mão esquerda, enquanto se reza:
OBÍ NIBI IKÚ
Obí para evitar a morte
OBÍ NIBI ÀRÙN
Obí para evitar as doenças
OBÍ NIBI ÒFÒ
Obí para evitar as perdas
OBÍ NIBI ÈJÉ
Obí para evitar derramamentos de sangue
OBÍ NIBI ÌDÍNÀ
Obí para evitar obstáculos
OBI NIBI FÌTÍBÒ
Obí para evitar desentendimentos
OBÍ SE
O Obí vai agir
OBÍ REE O ÒRÚNMÌLÀ
Òrunmilá o Obí será cordial (será bom) para você
Esta forma de ofertar Obí também poderá ser usada para outros Òrìsá em ocasiões muito especiais simplesmente substituindo o nome de Òrunmilá pelo nome, ou título, do òrìsá à quem se oferta. Jogar o obí pedindo orientação a ori do iniciado. Pegar uma das partes, retirar um pedaço, mastigar, a outra dar ao iniciado para mastigar, sem engolir. A outra parte dividir entre os participantes. O restante para o igbá ORÍ
Pegar o mastigado pelo Baba/Yá, e pelo iniciado, juntar e colocar no acaçá. Colocar ebô, e uma folha de saião ou akoko.e cantar, para AJALÁ:
ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L'EWÀ, L'EWÀ, L'EWÀ.
ÀJÀLÁ ORÍ, ORÍ L'EWÀ, L'EWÀ, L'EWÀ.
OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó.
OPÉ ÈNYIN EDÙMARÈ, WÁ ORÍ, E KÚ Ó.
E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ.
E KÚ Ó ÒRUN, E KÚ Ó ÒSÙPÁ, E KÚ ÒJÒ, ÒJÒ BÒ ILÈ.
IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ,
IRÉ ORÍ Ó JÍ, Ó JÍ IRE ORÍ.
Àjàlá que molda cabeças, deixe este Orì lindo, lindo, lindo.
Agradeço-te Deus, venha para esta Cabeça, eu te saúdo.
Eu saúdo o Sol, eu saúdo a Lua, eu saúdo a Chuva, Chuva que cai sobre a Terra.
Vc será uma Cabeça feliz, acorde feliz Orí.
ORI IOC
ORI MI O!
SE RERE FUN MI!
MEU ORI!
SE ALEGRE COMIGO!
Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: "... OGUN chamou ORI e perguntou-lhe, "Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?'...”. Sem receio podemos dizer, "ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA", ou seja, "Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA" e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que " KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI", significando, "... Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI...”.
Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida, podemos dizer, "ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha para você", trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORI resistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente. Esta é a razão pela qual o EBORÍ, forma de louvação e fortalecimento do ORI utilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade.
É importante dizer que é o ORI que nos individualiza e, por conseqüência, nos diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificação dessas diferenças. . Sinalizando essa condição, talvez uma das maiores lições que possamos receber com respeito a ORI possa ser extraída do Itan ODU OSA MEJI, que reproduzimos a seguir e que é a resposta que foi dada por IFÁ para Mobowu, esposa de OGUN, quando ela foi lhe consultar:
"ORI BURUKU KI I WU TUULU.
A KI I DA ESE ASIWEREE MO LOJU-ONA.
A KI I M' ORI OLOYE LAWUJO.
A DIA FUN MOBOWU TI I SE OBINRIN OGUN.
ORI TI O JOBA LOLA, ENIKAN O MO KI TOKO-TAYA O MO PE'RAA WON NI WERE MO.
ORI TI O JOBA LOLA, ENIKAN O MO."
TRADUÇÃO
"Uma pessoa de mau ORI não nasce com a cabeça diferente das outras.
Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua.
Uma pessoa que é líder não é diferente E também é difícil de ser reconhecida.
É o que foi dito à Mobowu, esposa de OGUN, que foi consultar IFÁ.
Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto, Nem fisicamente, nem espiritualmente.
O motivo é que o ORI vai ser coroado E ninguém sabe como será o futuro da pessoa."
Para os yorubá o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos:
ARA, OJIJI, OKAN, EMI e ORI.
ARA é corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes.
OJIJI é o "fantasma" humano, é a representação visível da essência espiritual.
OKAN é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
EMI, está associado a respiração, é o sopro divino. Quando um homem morre, diz-se que seu EMI partiu.
ORI é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORI é o primeiro ORISA a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino.
ORI em yorubá tem muitos significados - o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORI INU). Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.
Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
"ORI LO NDA ENI
ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA
O NPA ORISA DA
ORISA LO PA NIDA
BI ISU WON SUN
AYÉ MA PA TEMI DA
KI ORI MI MA SE ORI
KI ORI MI MA GBA ABODI"
TRADUÇÃO
"ORI é o criador de todas as coisas
ORI é que faz tudo acontecer, antes da vida começar
É ORISA que pode mudar o homem
Ninguém consegue mudar ORISA
ORISA que muda a vida do homem como inhame assado
AYÉ*, não mude o meu destino
Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem
Que o meu ORI não me deixe ser desrespeitado por ninguém
Meu ORI, não aceite o mal."
(* AYÉ - conjunto das forças do bem e do mal)
Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI: um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORI diz:
KORIKORI
Que com o àse do próprio ORI, O ORI vai sobreviver
KOROKORO
Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento..."
O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte - ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador - o EMI. Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo.
Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência. Essa combinação "química" definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA - símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular.
No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, "se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de cabeças individuais...”
Segundo a autora também, "A espécie de material com o qual são modelados os ORI individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente, proporcionando satisfação e permitindo a cada um alcançar prosperidade. Indica também as interdições - EWO - aquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual o seu ORI foi modelado".
Ou seja, os EWO representam a proibição de que o indivíduo "coma" alimentos que contenham a mesma "matéria" da qual foi retirada uma porção para modelagem do seu ORI. A não observância da interdição traduz-se por uma disfunção energética de consequências profundamente negativas para o equilíbrio do indivíduo, seja do ponto de vista orgânico, seja do ponto de vista do mundo emocional, seja quanto as suas condições de realização do "programa" particular de existência.
Falamos até aqui sobre a natureza e a constituição do ORI. Agora, qual o seu papel na vida do homem? O conceito de ORI está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino. Um Itan do ODU OGUNDA MEJI, nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre o ORI e o homem e a relação de causa e efeito existente nesta correspondência:
“... ORI, eu te saúdo!”.
Aquele que é sábio,
Foi feito sábio pelo próprio ORI.
Aquele que é tolo,
Foi feito mais tolo que um pedaço de inhame,
Pelo próprio ORI..."
No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “... Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!...".
É um oriki dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz:
"ORI MI
MO KE PE O O
ORI MI
A PE JE
ORI MI
WA JE MI O
KI NDI OLOWO O
KI NDI OLOLA
KI NDI ENI A PE SIN
LAYE
O, ORI MI
LORI A JIKI
ORI MI LORI A JI YO MO LAYE"
TRADUÇÃO
Meu ORI
Eu grito chamando por você
Meu ORI,
Me responda
Meu ORI,
Venha me atender
Para que eu seja uma pessoa rica e próspera
Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem
Oh, meu ORI!
A ser louvado pela manhã,
Que todos encontrem alegria comigo"
Toda existência no universo da Criação se processa em dois planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível, ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os “duplos" de tudo o que se encontra manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada, uma "projeção" da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN.
Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro "Alma Africana no Brasil: os iorubás", "Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia, o universo africano é sem costura. (Erny, 1968:19) Universo de correspondências, analogias e interações, no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças.”
É necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os "elementos indispensáveis à existência individualizada". Poderia ser representada por uma figura e sua imagem refletida no espelho - há plena identidade entre elas, uma é apenas a imagem invertida da outra.
Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida de que os ODU, quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se EJIOGBE MEJI como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, Louvando assim sua antiguidade e sua precedência efetiva.
Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma "modelagem" anterior no ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa existência em forma individualizada no AIYE.
Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes que formam a "realidade" individualizada de vida. A esses fragmentos particulares retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar.
Aqui é importante reforçarmos que ORUN não tem o mesmo significado que céu, assim como AIYE não tem a mesma representação que terra. ORUN - AIYE nos trazem conceitos muito diferentes do binômio céu - terra a que possamos ter nos acostumado pelas condições sincréticas que a religião dos ORISA terminou por apresentar no Brasil. Ao par céu - terra correspondem os conceitos de SANMO - ILE.
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO
Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORI desempenha na vida de cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação - na aceitação de que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal que ele traz na vinda do ORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que escolhe livremente o ORI com que vai vir para a terra.
ORI desempenha um papel importante para os seguidores de IFÁ. Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALA é junto a OLODUMARE e é ele que sanciona as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFÁ explica esta questão: "
"Você disse que foi apanhar o seu ORI.
Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORI?
Você poderia ter ido lá para apanhar o seu.
Nós pegamos nossos ORI nos domínios de IJALA,
Assim somente nossos destinos diferem"
IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o ORI e o ODU - signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida, como foi dito. IJALA, embora notável em sua habilidade, não é muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente.
Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida.
Durante sua jornada para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno, poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos desviada para reparar tais estragos.
Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas, tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar.
O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando.
Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio ORI foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou da cabeça de outrem?
O Jogo divinatório de IFÁ possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do próprio ORI, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE que deve ser cultuado e conheça seus EWO - proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais.
Muitas referências são feitas às relações entre ORI e o destino pessoal. O destino descrito como IPIN ORI - a sina do ORI - pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN, AKUNLEGBA E AYANMO.
AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA - o que você gostaria especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você deseja.
AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante uma epidemia para garantir a morte dele ou dela.
AYANMO é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo) ou a família em que nascemos, por exemplo.
Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das circunstâncias.
Assim o destino descrito como IPIN ORI - a sina do ORI pode sofrer alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE - filhos do mundo, também chamadas AIYE - o mundo ou ainda, ELENINI - implacáveis (amargos, sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas.
Entre estes encontram-se as ÀJÉ - bruxas, os OSO - feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano.
Sacrifício e ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados destas maquinações maléficas imprevisíveis.
Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições.
Como foi dito, nossos ORI espirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE - APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.
Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida.
O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter.
Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem.
IWA RE LAYE YII NI YOO DA O LEJO, ou seja, - "Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você".
No ODU de OGBEOGUNDA, IFÁ diz:
"Um pilão realiza três funções
Ele tritura inhame
Ele tritura índigo
Ele é usado como uma tranca atrás da porta
Foi feito um jogo adivinhatório para Oriseku, Ori-Elemere e Afuwape
Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios de IJALA - MOPIN
Foi solicitado para eles que realizassem rituais
Somente Afuwape realizou os rituais que foram solicitados
Ele, em consequência, tornou-se muito afortunado
Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria seu ORI, eles teriam ido até lá para escolher os seus também.
Afuwape respondeu que, embora seus ORI fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam."
A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bênçãos potenciais de seu destino para a efetiva realização. Seus amigos Oriseku e Ori-Elemere falharam em mostrar bom caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso, suas vidas sofreram as consequências.
O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILÁ, conhecido como ELERI-IPIN - o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação, conhecendo todos os ORI, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o cumprimento desse programa.
ORUNMILÁ conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFÁ em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORI, entre cada homem e os desejos de seu ORI. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papel ORUNMILÁ tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORI. E ORUNMILÁ, Ele mesmo, consulta IFÁ!
Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFÁ permite acesso a instruções a respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que não entram em desacordo com os propósitos do ORI.
O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORI (destino do ORI), amadurece para a morte e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do AIYE para o ORUN.
Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos mortos: ORUN RERE - o bom "céu", habitado pelas divindades e ancestrais, e ORUN APAADI - o "céu" de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em sonhos e visões - morrem totalmente.
ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em alguma criança nascida no âmbito familiar.
A respeito do ORI, resta ainda lembrar que trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto. Se o ORI de um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser concedido nem por OLODUMARE, nem pelos ORISA.
Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de nosso caráter ou comportamento, então nosso ORI-APERE precisa ser apaziguado.
Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um alinhamento saudável.
Considera-se vital para todo homem recorrer a IFÁ, sistema divinatório de consulta a ORUNMILÁ, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou desagrada o próprio ORI. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades (entre as quais o próprio ORI)
IFÁ não apenas informa sobre os desejos divinos, mas também conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel: ajudar os ORI a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino.
Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza.
Se Você tem por hábito maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido materialmente.
Se, por outro lado, Você ajuda os outros e dá felicidade a eles, sua vida será cheia, não só de riquezas, mas também de alegria e felicidade. No entanto, lembre-se, é decididamente muito mais fácil alterar seu destino do que sua natureza.
"Por toda parte onde ORI seja próspero, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORI seja fértil, deixe-me estar incluído,
Por toda parte onde ORI tenha todas as coisas boas da vida, deixe-me estar incluído.
ORI, coloque-me em boa situação na vida,
Que meus pés me conduzam para onde as coisas me sejam favoráveis.
Para onde IFÁ está me levando eu nunca sei
Jogaram para Assore no início de sua vida.
Se há qualquer condição melhor do que aquela em que estou no presente,
Que possa meu ORI não falhar em colocar-me nela.
Meu ORI me ajude! Meu ORI faça-me próspero!
ORI é o protetor do homem antes das divindades."
EBORÍ (BO ORI)
BORI é o ritual de "dar comida" ou alimentar o ORI (bo ORI). Deve ser sempre precedido de um jogo que defina sua necessidade e, ao mesmo tempo, oriente o sacerdote sobre os procedimentos particulares para o caso, os ingredientes a serem utilizados naquela situação e o encaminhamento adequado a ser dado para aquela necessidade.
Assim, pode-se realizar um BORI apenas com um ou dois obi e água ou com todo um conjunto de alimentos e a louvação de objetos-símbolos especialmente sacralizados para a ocasião.
É importante entender que sempre que se louva algum tipo de alimento no ORI de alguém está se procedendo a alimentação daquele ORI.
O BORI pode se apresentar como necessário para alguém em função de algumas situações.
Entre elas:
• como processo de religação do ORI com o seu duplo no ORUN,
• como resposta à condições de "stress" ou fragilização das estruturas psicológicas do indivíduo resultantes de situações particulares de vida,
• como ritual propiciatório ou complementar a um ebo,
• como ritual propiciatório a processos iniciáticos,
• como resposta a uma necessidade espiritual resultante de feitiço ou destino,
• como indicação de algum Odu (IFA), a partir da interpretação das condições ligadas ao personagem mítico que se apresenta em um dos Itan correspondentes ao Odu.
Pode-se, no geral das situações, estabelecer um ritual básico a ser seguido, não significando isso que o sacerdote deva entender esse ritual básico como limitador da sua ação ou fórmula a ser seguida em todos os casos e situações.
É importante lembrar sempre que o uso e a combinação dos elementos a serem utilizados deve levar em conta as propriedades excitantes (gun) ou calmantes (ero) de cada elemento que está sendo manipulado.
CANTIGA PARA OFERECER AS COMIDAS AO ORI
Kolobó xeré nu abó xeré kolobó
Kauré ô komorê odará
CANTIGA PARA OFERECER O PEIXE
Ejá mo gbá
Ejá mo bô erin
Ejá mo gbá
Ejá mo bô erin
RITUAL BICHOS PENA
Ejé xoro xoro
Ejé balé kara ó
Ejé ayó
Ejé balé kará ó
Ejé mani ô
Ejé balé kara ó
Awa ni etú
Ejé balé kara ó
Ejé upá ô
Ejé xororô Ejé unpá ô
Ejé xororô
Ejé unpá ô
ORIN DO IGBIN
IGBIN MAGUN GUIO,
IGBIN COLÓOU,
IGBIN COLÉSSÉ.
IGBIN MAGUNGUIOU.
IGBIN COLOUO,
IGBIN COLESSÉ,
É SÓ É SÓ Ó
IGBIN MAGUNGUIO.
Bàbá igbin Igbin tá ni rerê
Bàbá igbin Igbin tá ni rerê
CANTIGAS DE ORI
Ori ka f’anjá Ori ô Ori ka f’anjá
Ori ká f’anjá Ori ô Ori ka f’ajnjá
Ori ká f’anjá alá umbó bàbá lá toloxé
Agô ni kekerê kerê kê
Agô ni kekerê kerê kê eru janjan
Ori ka f’anjá Ori ô Ori ka f’anjá
Ori ká f’anjá Ori ô Ori ka f’ajnjá
Ori ká f’anjá alá umbó bàbá la toloxé
Ago ni kekerê kerê kê
Agô ni kekerê kerê kê eru janjan
Orí ô Ori apere
Lé fibô didê lésé orixá
Apere ô ori ô orí apere
Lé fibô didê lésé orixá
Ori ô Ori xê
Awa dá meuá l’apere ô ori ô
Ori xê e uá lese orixá
Ori gbó apere
Orí gbó mó gbó tijí
Orí gbó a pe re
Ori gbó mó gbó tijí
Ori loman bó inxê
Ori loman
Iyemoja mi xekê mi ô
Iyemoja mi xekê mi rô
Orí ô Iyemoja mi xekê mi ô
Ori mi ô xererê fun mi
Ori mi ô xererê fun mi
Ori oká unsanu oka
Ori ejo unsanu ejô
Afomo opué
Ori mi ô xererê fun mi
O guégué oló guégué
O guégué Ori umbó
Ori mi axé um o yê
Oni dôdô ori man i man yin
Oni dôdô ori man i man yin
Ibá ti kotá lobé fakalé
E a um ô loni á fi a jí
Omobá olokó ilé
Omobá olokó ilé
Omobé yi delê
Omobé yi delê o yê
Omobá olokó ilé
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